A revista especializada Nature publicou nesta terça, 5, um avanço médico sensacional: a cura do segundo paciente do mundo com HIV, após transplante com células-tronco.
Os dois homens, de Berlim e de Londres, receberam transplantes de medula para tratar câncer no sangue – medula doada por pessoas que têm uma mutação genética, rara que impede o HIV de se instalar no organismo.
O transplante mudou o sistema imunológico do “paciente de Londres”, dando a ele a mesma resistência do doador.
Ele foi curado da doença mesmo depois de interromper o tratamento contra a Aids. A notícia, publicada também pelas agências Reuters, RFi e AFP, vem dez anos após a cura de um primeiro paciente com HIV.
O resultado renova as esperanças de 37 milhões de pessoas portadoras do vírus no mundo, já que os tratamentos antirretrovirais prolongam a vida dos infectados pelo HIV, mas não eliminam o vírus.
“O paciente de Londres”, como foi identificado, está em remissão 19 meses após o fim de tratamento contra a doença, ou seja, parece não ter mais o vírus HIV mortal em seu organismo.
“Ao conseguirmos uma remissão de um segundo paciente utilizando técnicas similares, nós mostramos que o ‘paciente de Berlim’ não foi uma anomalia”, declarou o principal autor do estudo, o pesquisador Ravindra Gupta, professor de Cambridge, no Reino Unido.
Ele se referia ao primeiro caso mundial de cura do HIV. “Atualmente, a única maneira de tratar o HIV é pelo uso de medicamentos que contêm o vírus e que os pacientes devem tomar durante toda a vida”, esclareceu o Dr. Gupta.
Esperança
O transplante de medula – um procedimento perigoso e doloroso – não é uma opção viável de tratamento para os milhões de portadores do vírus. Mas o progresso da pesquisa vai permitir aos cientistas focalizar as estratégias de tratamento.
“Encontrar um meio de eliminar completamente o vírus é uma prioridade urgente e global, que é particularmente difícil porque o vírus penetra nos glóbulos brancos do infectado”, explicou o Dr. Gupta.
O caso do “paciente de Londres” foi apresentado nesta terça-feira em uma coletiva de imprensa da equipe médica que realizou o experimento, em Seattle, nos Estados Unidos.
O “paciente de Londres” foi infectado pelo vírus em 2003, no Reino Unido, e recebeu um tratamento antirretroviral desde 2012.
No mesmo ano, ele foi diagnosticado com um tipo avançado da doença de Hodgkin, um câncer no sistema linfático.
O transplante de células-tronco ocorreu em 2016, de um doador portador da mutação genética que só é encontrada em 1% da população mundial.
Com informações da AFP e RFi
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