Em nota, o Santander afirmou que o compromisso de não demissão de funcionários tinha validade de 60 dias, prazo que venceu no final de maio.
O Santander Brasil começou a demitir funcionários em um processo que pode cortar 20% do quadro de trabalhadores do banco. A projeção de corte foi antecipada ao jornal Folha de S. Paulo, que revelou a informação, por integrantes da alta gestão do banco com a condição de que não tivessem os nomes revelados. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o banco nega o percentual de corte e informa que, como ocorre em qualquer negócio, iniciou o processo de avaliação de produtividade das equipes. As demissões ocorrem durante a pandemia do novo coronavírus mesmo após o banco ter assinado um compromisso público de que não demitiria enquanto perdurasse a crise. O Santander tinha 47 mil funcionários no final de março. Com o corte de 20% do quadro, 9.438 pessoas podem perder o emprego. O percentual de redução da equipe foi confirmado à reportagem. Em nota, o Santander afirmou que o compromisso de não demissão de funcionários tinha validade de 60 dias, prazo que venceu no final de maio. A ordem para demitir teria sido dada na semana passada e, segundo denúncias recebidas pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, os cortes estão ocorrendo sem justa causa. A entidade que representa os bancários afirma que pelo menos 15 demissões já foram registradas na última sexta-feira (5). Durante a crise, o presidente do banco, Sergio Rial, se queixou da queda de produtividade e também pressionou funcionários a deixar o home office, mesmo com os casos de Covid-19 ainda em expansão. O Santander, que se enquadra na categoria de serviço essencial, havia afirmado que desde o início da quarentena manteve 20% dos funcionários em funções administrativas na sede, em São Paulo. Um dos executivos afirmou que o banco já fez cortes no quadro de trabalhadores nos últimos anos e diz que, agora, sobra pouca gente pra demitir por performance.
Segundo Malaquias, do Sindicato dos Bancários, outra justificativa dada pelos executivos para demissão de funcionários seria o ajuste no orçamento do banco. O Santander registrou um aumento de 10,5% no lucro do primeiro trimestre deste ano ante igual período de 2019, para R$ 3,9 bilhões. O aumento de risco de crédito ante a crise do coronavírus, no entanto, já trouxe um aumento de 85% nas provisões dos quatro maiores bancos do país –Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander. Segundo analistas, há tendência de queda de receita nessas instituições nos próximos trimestres. Na última quarta-feira (3), porém, o banco divulgou a abertura de 1.500 vagas destinada para áreas de tecnologia, riscos, dados, financeiro e jurídico.
Em matéria publicada no último domingo (7), pela Folha de S. Paulo, consultores e advogados afirmaram à reportagem que receberam diversas consultas de empresários que, sem perspectiva de uma retomada rápida da economia no mercado interno, sem garantia de crédito e com o crescente risco de assumir custos ainda maiores para demitir lá na frente, desistiram de reduzir jornada e salário e começaram a demitir. Segundo os advogados, a redução no número de funcionários ocorreria, por orientação de assessores jurídicos, a conta-gotas, uma vez que mandar embora um grupo grande de trabalhadores pode levar a questionamentos judiciais. Outro lado Em nota, o Santander negou o corte de 20%.
Em comunicado separado, a instituição afirma também que faz parte do abaixo-assinado do movimento “Não Demita” (rede de empresas que se comprometeram a não reduzir o quadro de funcionários por 60 dias) e que foi uma das primeiras empresas no Brasil a anunciar que não faria demissões até o final de maio. O texto ainda reforça que o banco, inclusive, está contratando.
O Santander disse ainda que, como em de praxe em qualquer instituição, avalia suas equipe. Na nota destaca:
O texto ainda diz que “o movimento é necessário para fazer frente a um entorno muito mais desafiador, além da necessidade de navegar com eficácia em um ambiente de arquitetura aberta, trabalho em rede e busca incessante de níveis de automação ainda mais contundentes”.
Via Folhapress |
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