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A Nova Ética Protestante em Mato Grosso

(Last Updated On: 26 de outubro de 2019)

Mudanças são essenciais e disso todos sabem, quando o dia nasce vem com ele, novas oportunidades que não são desperdiçadas. Quando passo pelos bairros da região oeste de Cuiabá, deparamos com diversos comerciantes presbiterianos, batistas, metodistas, pentecostais e neopentecostais, pessoas que se ajudam mutuamente.

*Cristiano Ferreira

É ingenuidade supor que um comercio e outro são de concorrência acirrada, hoje são de ajuda mutua, para garantirem a sobrevivência econômica própria e dos lugares que vivem. Em tempos de vacas magras, o importante é somar e dividir.

Em um cenário caótico de incertezas na economia brasileira, o comercio que é gerido por comerciantes evangélicos dão aulas de empreendedorismo e cogestão comercial, aliadas à tecnologia, assim se vê que não há barreiras que impeçam o desenvolvimento socioeconômico dos bairros da região oeste de Cuiabá.

Perante a dificuldade em satisfazer eficazmente às necessidades de todos os seus clientes, uma das soluções apresentadas é o processo de segmentação de mercado, que permite agrupar os clientes em grupos relativamente homogéneos.

A prática da segmentação tornou-se incontornável para que as empresas consigam concentrar os esforços de marketing em determinados alvos considerados como “favoráveis” para serem explorados comercialmente.

Há mais ou menos 50 anos atrás não havia tantos comerciantes protestantes, pentecostais e neopentecostais como hoje, o avanço dos negócios evangélicos já movimenta em Cuiabá um valor de aproximadamente 1,7 milhões de reais na cidade.

Em primeiro lugar, vamos perceber que lá, nesta “tribo” da região oeste, ao contrário do que pode parecer, há um forte pensamento religioso voltado ao empreendedorismo. Este pensamento não possui “templos”, nem “sacerdotes” ordenados, muito menos um “livro sagrado”, mas seus seguidores são tão fervorosos em suas crenças quanto um católico convicto.

Mas que culto seria este? Basicamente, seria a profunda crença de que empreender e investir de maneira eficaz no uso da Tecnologia é uma ferramenta para proporcionar prosperidade, inclusão e oportunidade para as pessoas.

Essa crença não é pode ser compreendida sem levarmos em consideração de que ela, de alguma maneira, é uma versão modificada e atualizada de uma antiga tradição que os primeiros missionários alemães e americanos trouxeram para Cuiabá no começo do sec. XX, quando chegaram da Europa e América do Norte. Pode parecer paradoxal, mas de alguma maneira, o vocabulário, as atitudes e as iniciativas de muitas pessoas que vivem e trabalham nos seus países de origem são muito, mas muito parecidas com aquelas que moldaram as vidas de protestantes europeus e norte-americanos

Observando as peculiaridades de nossa cultura em relação a religião, as nossas raízes ibéricas são fortes e resistem ao pensamento anglo germânico em relação ao labor de cada dia. Ainda há dentro dos comerciantes evangélicos de região oeste, as pessoas que aderem aos costumes católicos, sendo que na Europa, todos trabalham nos feriados sendo religiosos ou não. Essa é uma noção de valor de cada um conforme é adotada por William Dilthey e adotada por Max Weber.

Max Weber no seu livro a Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo evoca essa questão da religião e trabalho. Como ele queria entender ‘o equipamento mental”, o “software” que o capitalista protestante projetou em sua cabeça, e que o impulsionava a sempre buscar mais e mais o lucro e desenvolver a expansão comercial, como acontece na cidade.

Creio que de certa maneira, foi o que me guiou nesse “tecno comercio”, quer dizer, compreender a “ética”, o conjunto de valores por trás das pessoas e das empresas que são responsáveis pela parte mais moderna, rica e dinâmica do Capitalismo no século XXI.

Se pudesse resumir essa mentalidade em uma palavra, eu poderia arriscar o “Tecno comercio” em Cuiabá, um conjunto de crenças e atitudes que não necessariamente “de Esquerda”, ou de “Direita”, pelo menos da maneira como compreendíamos estes termos nos séculos XIX e XX.

Hoje, há uma nova ética protestante que faz uma grande ampliação comercial e econômica em Cuiabá e em outras cidades da região metropolitana.

*Cristiano Sousa Ferreira – Historiador Liberal e pós graduado em Sociologia

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