Site icon MatoGrossoAoVivo

Flip: humor e tragédia se misturam em mesa com portuguesa e brasileiro

(Last Updated On: 29 de julho de 2018)

Quem ouvia as risadas do público durante a mesa da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que reuniu a portuguesa Isabela Figueiredo e o brasileiro Juliano Garcia Pessanha, quase se esquecia que a literatura dos dois é profundamente marcada pelo sofrimento.

A autora de A Gorda e o escritor de Recusa do Não-Lugar contaram ser pessoas rasgadas por fraturas, mas divertiram o público do evento com uma conversa cheia de sintonia e histórias engraçadas, como a vez em que estavam jantando e Juliano teve câimbra.

“Me ofereci para fazer uma massagem no músculo dele”, disse Isabela, que brincou que o jeito que o autor trocava as pernas de posição mexia com qualquer mulher. 

Experiência

Juliano Garcia Peçanha teve a infância marcada pelo suicídio da mãe e partiu dessa tragédia sua experiência com o não-lugar, enfrentado em seu último livro. A experiência deixou sua vida em uma “aterrizagem permanente”, em uma constante posição de “alguém devastado”.

“Minha escrita de si é de alguém que não tinha a si mesmo. Com uma impessoalidade”, disse o autor, que revelou um humor tímido que cativou a plateia. 

“Quem é rasgado é sempre engraçado”, disse ele, acrescentando: “Sempre tem um gesto que não cabe”.

Memória

Isabela Figueiredo viveu a infância em Moçambique. Ela foi mandada pela família para Portugal depois que o país perdeu o controle sobre a colônia, já na década de 70. Os anos na África fizeram com que a autora testemunhasse a violência racista da colonização e episódios de revanchismo e vingança com o processo de independência.

“Tenho a memória de muitos atos violentos praticados pelos colonos e muitos atos violentos praticados depois pelos colonizados. Tem muita violência no meu passado. Escrevo com violência porque existe muita violência dentro de mim”.

A autora contou que nunca conseguiu enfrentar o racismo e a violência com que seu pai tratava os negros, e só pôde denunciar o preconceito depois de sua morte.

“Meu pai era o colonialismo. Meu pai era o racismo, e, ao mesmo tempo, eu não podia ir contra o meu pai. Eu não tinha poder”.  

Relatos

Ao mesmo tempo, lembrou que seu pai pediu que ela transmitisse aos portugueses as violências que os brancos passaram a sofrer depois que a colonização acabou. Ao chegar na Europa, porém, não encontrou ressonância para esses relatos.

“Ao mesmo tempo em que digo que ele foi um racista, um colonialista, finalmente transmiti a mensagem que ele quis contar”.

Os relatos resultaram no livro Caderno de Memórias Colonial, que também foi lançado no Brasil. Em A Gorda, seu trabalho mais recente, a autora trata de uma protagonista insatisfeita com o próprio corpo, mas que não se limita a isso. 

“O corpo é bom, não é uma vergonha, não é um tabu, não é um desgosto. Mesmo quando é diferente”, disse ela, que contou ser muito ligada a descrições físicas. “Tenho um fascínio enorme pelo corpo, por descrever o corpo. Gosto dessa visão microscópica das coisas”. 

Juliano também afirmou que sua relação com a literatura é física e que inclusive ele prefere ler em voz alta para que as palavras ganhem forma física.

“[escrever] é um gesto físico. é pegar os átomos do corpo que estão machucados ou celebrados com alguma experiência e virar do avesso”.   

*O repórter viajou a convite da EDP, empresa patrocinadora da Flip

Fonte: Agência Brasil

O post Flip: humor e tragédia se misturam em mesa com portuguesa e brasileiro apareceu primeiro em Folha do Estado.



___________________________________________
LINK DA NOTÍCIA:Flip: humor e tragédia se misturam em mesa com portuguesa e brasileiro
FONTE: FOLHA DO ESTADO
___________________________________________
SEJA UM “REPÓRTER CIDADÃO”
Vários vídeos, matérias e denúncias são enviados diariamente a nossa redação pelos leitores do MATO GROSSO AO VIVO.

Se a imprensa de seu município ou Estado não noticia reportagens sobre corrupção, envolvimento de pessoas ou autoridades em crimes, abusos ou de qualquer outra natureza que seja de interesse público?

Mande sua pauta que nós publicamos!

Pode ser pelo e-mail: matogrossoaovivo@gmail.com ou pelo WhatsApp da Redação: (66) 9.8412 – 5210.

Envie fatos com imagens, comprovação, documentos, processos, que a gente apura e publica.
____________________________________________________
GIRO SOCIAL | MATO GROSSO AO VIVO

[metaslider id=4781]

[metaslider id=4547]
[metaslider id=5344]
[metaslider id=5245]

Deixe seu comentário abaixo e compartilhe, via Facebook e WhatsApp

Sair da versão mobile