Presidente de Câmara em MT diz que pessoas usam cor da pele para se “vitimizar”

O discurso foi feito um dia após ele receber um convite do Movimento Negro para participar de um evento em alusão ao Dia da Consciência Negra, no dia 20 deste mês.

A líder do Movimento, Zeneide Pereira, disse que o convite não foi bem aceito pelo parlamentar e, após o discurso dele em tribuna, o grupo publicou uma nota de repúdio afirmando que a fala de Elbio foi “autoritário e racista”.

Depois da manifestação, o vereador se posicionou sobre a situação e disse que mantém o que falou em tribuna.

“Ela não é obrigada a aceitar minha opinião e nem eu aceitar a opinião dela. Não são todos, mas tem muitos que usam esses movimento para se beneficiar e eu não concordo com isso”, disse. Na tribuna, o presidente da Câmara afirmou que há ‘vitimismo‘ em relação ao tom de pele. 

“Sei da importância do movimento e o que essas pessoas sofreram antigamente, há quase 200 anos atrás. Mas acho que ninguém pode se vitimizar pela cor da sua pele. A cor da pele não dá dignidade para ninguém. Não importa se é branco, preto, amarelo, índio. Não vamos usar a cor da nossa pele e se aproveitar disso. Isso é racismo”, diz.

Ainda durante a fala, Elbio Volkweis diz que o pensamento não é racista, que é apenas a opinião dele. “Não me venha falar que eu sou racista, porque eu apoio isso. Racista é quem quer se prevalecer em cima disso”, afirma.

As falas do vereador causaram insatisfação às minorias citadas, principalmente aos militantes ligados à igualdade racial. Segundo Zeneide, o discurso do vereador é “perigoso, pois exclui o processo que deveria ser de inclusão, já que ele trabalha dentro de uma Casa de Leis”.

“Ele disse que ‘umas pessoas’ foram na Câmara usando a cor da pele para se vitimizar e nos chamou de oportunistas. Não somos oportunistas, somos povo de luta. Todas as conquistas neste país se deu por organizações sociais. Então isso fere a nossa reputação enquanto representantes dessa temática racial e toda a população negra”, pontuou.