O incidente preocupante ocorreu há cerca de uma semana, enquanto a jovem fazia suas avaliações de rotina na capital e recebia as medicações na Casa de Apoio, conforme obriga sua ordem judicial.
A jovem Luciana Naiara Silva do Nascimento, 21 anos, moradora de Alta Floresta, tem diabetes tipo 1 desde os 10 anos de idade e recebe do município uma medicação de alto custo (4 mil reais), Insulina lantus, a qual faz uso contínuo e precisa estar indo todo mês buscá-la em Cuiabá, na Casa de Apoio do município.
Não basta-se o calvário mensal de ter que ir à capital do Estado, enfrentando 1.600 km de viagem desgastante, principalmente para quem tem sérios problemas de saúde. A jovem passou por maus bocados na semana passada (21/5), durante sua estadia na Casa de Apoio administrada pela Secretaria Municipal de Saúde de Alta Floresta.
Após fazer o recebimento de suas medicações, a mesma foi colocada pelos servidores da Casa de Apoio na geladeira da cozinha, para manter-se conservada durante a estadia da paciente.
A jovem também afirmou que seu medicamento foi acondicionado na mesma geladeira junto com os alimentos fornecidos aos pacientes que se encontram em tratamento na Casa de Apoio, pois não existe uma geladeira específica para manter apenas medicamentos separados dos alimentos.
Na tarde de quarta-feira (21/5), após acordar, a jovem foi até a geladeira buscar seu medicamento para poder aplicá-lo, porém, para sua surpresa, a sacola com todos os frascos de insulina havia desaparecido.
Acometida de um mal-estar instantâneo devido à falta de controle que gerou o sumiço da sua medicação, e mesmo tendo questionado as servidoras que cuidam da Casa de Apoio, não obteve qualquer explicação sobre o desaparecimento de sua medicação.
Assim que tomou ciência do desaparecimento de sua medicação, a jovem entrou em contato com o secretário municipal de Saúde, Marcelo Alécio Costa, que em tom irônico destacou que de todas as medicações contidas na geladeira apenas a dela havia desaparecido.
Após constatar que não seria amparada pelo secretário, a jovem desconfiou que suas medicações poderiam ter sido jogadas no lixo externo da Casa de Apoio e teve que fazer pessoalmente a busca de suas medicações na lixeira externa, porém, após a busca, nada foi encontrado.
Para a surpresa da jovem, após insistir na procura de seus medicamentos, as funcionárias da cozinha acabaram por encontrar a medicação na lixeira da própria cozinha da Casa de Apoio, onde já estavam em estado de deterioração, devido ao aquecimento dos medicamentos que precisavam ser mantidos em temperatura baixa.
A jovem destacou ainda que apenas as funcionárias da cozinha da Casa de Apoio têm a chave de acesso da cozinha e nenhum outro paciente poderia ter acessado a geladeira, como foi sugerido pelos funcionários de que alguém teria feito o descarte de suas medicações.
Concluiu-se, ao final de muita discussão, que a própria equipe de limpeza havia feito o descarte dos medicamentos na lixeira da cozinha, e assim a jovem teve que ter seus medicamentos substituídos por outra medicação, providenciada de forma precária pela secretaria de Saúde, de qualidade inferior à de seu tratamento.
Em razão do descarte do medicamento no lixo e por ter ficado mais de meia hora fora da geladeira, tornou-se inviável a sua utilização, sendo providenciadas outras ampolas para atender à última das 3 doses diárias da paciente.
Após o episódio, a jovem, que é moradora de Alta Floresta, teve que retornar ao município. Tendo tomado o medicamento diferente de sua receita, começou a passar mal e desmaiou no dia seguinte à sua chegada, sendo atendida pelo Samu e encaminhada à UPA, onde foi estabilizada.
O QUE DIZ O SECRETÁRIO
Em contato com o secretário municipal de Saúde, Marcelo Alécio Costa, o mesmo afirmou que a paciente foi prontamente atendida em sua reclamação e reposição do medicamento, ainda que não tenha conseguido fornecer a medicação do mesmo fabricante.
Marcelo Alécio alegou também que, a despeito de ter havido ou não alguma falha no setor de limpeza, os funcionários responsáveis sofrerão sindicância e poderão até ser afastados, porém, acredita que os mesmos não foram os reais responsáveis pelo descarte dos medicamentos no lixo da cozinha da Casa de Apoio de Alta Floresta.
O secretário afirmou que serão tomadas providências também quanto às geladeiras novas que serão usadas especificamente para acondicionar os medicamentos de cada paciente, mas que, esse controle será de responsabilidade de cada paciente individualmente.
O secretário afirmou também que já está em andamento a busca de uma nova sede para a Casa de Apoio, e esta será cedida pelo Estado de Mato Grosso nos próximos meses e, portanto, a atual casa será desativada.
Já na nova sede, o secretário estuda a instalação de câmeras de segurança para evitar futuros “incidentes inexplicáveis” relacionados ao desaparecimento de qualquer objeto ou medicação no ambiente de serviço interno e externo da Casa de Apoio.
A mudança de sede seria também a razão pela qual algumas reformas, como no teto do banheiro, ainda não foram realizadas.
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