ALTA FLORESTA | Afinal, quantos somos?

Tenho dedicado um pouco do meu tempo em buscar informações sobre o início de Alta Floresta. E um fato que me chamou atenção foi saber que em 1986, o município que completara 10 anos, tinha uma população de mais de 100 mil habitantes, segundo o que disseram em entrevista ao jornal Folha de Londrina no dia 5 de Junho daquele ano, o ex-prefeito Sr. Edson Santos e o colonizador Ariosto da Riva (já falecido).

No decorrer destes anos, 5 municípios foram criados, desmembrados de Alta Floresta, reduzindo sua população pela metade. Se somarmos a população dos municípios de Carlinda, 10.094 mil habitantes, Apiacás, 10. 431 mil, Nova Monte Verde, 9.375 mil, Nova Bandeirantes, 16.052 mil e Paranaíta, 11.291 mil, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, esses municípios juntos tem 57 mil habitantes.

Hoje, aos 45 anos, Alta Floresta, segundo a Estimativa do IBGE de 2021, tem 52.105 mil moradores. Oficialmente, a soma da população destes 5 municípios citados acima, é superior a densidade demográfica de Alta Floresta.

No entanto, crucial mesmo é a mudança de perfil da primeira gestão do município para as que lhe sucederam. Apesar de estar na incipiência, implantando a prefeitura a partir do marco zero, havia um planejamento estratégico rigoroso, com base em dados estatísticos segmentados do município.

O prefeito Edson Santos mantinha uma Secretaria de Planejamento, que entre outras atividades, realizava censos e estimativas demográfica a nível municipal. A prefeitura tinha estudos sobre a população masculina e feminina e todos os dados sobre a economia do município, como o número de automóveis existentes.

Em 1986, a população de Alta Floresta era de 105 mil habitantes, sendo 52.833 homens e 52.167 mulheres. A cidade tinha 5.846 veículos de pequeno porte e 13.182 caminhões. A prefeitura sabia até quantos mil litros de gasolina eram vendidos nos postos de abastecimento.

O prefeito da época me informou que, com base nestas estatísticas, planejava as políticas públicas do município e mantinha as informações oficiais atualizadas para apresentar para os investidores que procuravam a prefeitura. Neste período, a cidade recebia um grande número de visitantes que pretendiam se mudarem para cá.

Um gestor empreendedor sabe os dados oficiais autênticos da cidade que administra.

Neste período, a Indeco ainda estava nas primeiras fases de implantação de seu projeto de colonização, e apesar da já ter acontecido emancipação, ainda exercia um papel preponderante nas decisões inerentes ao município.

O colonizador Ariosto da Riva, que foi um homem visionário, a frente de seu tempo, que enxergava os cenários com antecedência, com singularidade, movia as peças para fazer as coisas acontecerem. Sabia vender a imagem de Alta Floresta, com um marketing perfeito.

Trazendo para a contemporaneidade, apesar dos avanços e das facilidades das novas tecnologias, da ampliação da estrutura da administração, o mining dos primeiros gestores, deixou de ser perceptível. Não existe um estudo estatístico, elaborado com os dados oficiais do município, que sirva de parâmetro para nossa realidade.

O que há é achismo! O ex-prefeito que entregou o mandato em 1º de Janeiro, passou 8 anos alardeando que a cidade tem 70 mil habitantes, mas nunca se preocupou em realizar um estudo sério, elaborado com uma empresa de consultoria, para contrapor ao IBGE e apresentar elementos que comprovassem sua retórica.

Se 52.105 mil habitantes não converge com a nossa realidade, afinal, quantos realmente somos?

Um gestor expansivo, com perfil empreendedor sabe os dados oficiais autênticos da cidade que administra, para fazer o seu planejamento de governo, definir suas prioridades e até apresentar aos investidores.

Para os repasses constitucionais, o que vale é o número do IBGE. No entanto, essas informações são necessárias e importantes para a gestão municipal elaborar um planejamento eficiente e auxiliaria as tomadas de decisões para obter resultados positivos.

Por outro prisma, na hipótese de realmente haver Censo em 2022, o município que tiver conhecimento de sua realidade, no caso de o resultado apresentado pelo IBGE for contraditório, terá como fazer a contestação com base em dados fundamentados.

Com o sucateamento do IBGE e os sucessivos adiamentos do Censo, muitos municípios brasileiros que são administrados por gestores preparados e realmente comprometidos com os interesses da coletividade, contratam serviços para manterem suas informações atualizadas e até mesmo Censo Paralelo. Desta forma, sabem de forma segmentada, a densidade Demográfica de seu município.

Todos sabemos que Alta Floresta é a cidade que mais cresce no cenário econômico atual de Mato Grosso. Entretanto, temos que ter em mão estatísticas exatas.

Quantos realmente somos: 70, 80, 90, 100 mil habitantes?

E não é somente o Censo demográfico que nos dá esta informação. Existe outras formas eficientes para obtermos esta resposta.

Todavia, o que tange ao poder público, o ‘boom’ de Alta Floresta, poderia ser muito bem aproveitado caso tivéssemos gestores empreendedores. A cidade cresce em função do empreendedorismo, dos investimentos privados.

Mas a depender da gestão pública, o que vemos são circunlóquios prolixos que derivam na inércia e na falta de eficiência.