A entrevista ao vivo, concedida na manhã desta Terça-feira (13/04), ao programa Bom Dia Nortão, do apresentador Fabrício Nunes, e durante mais de 30 minutos o Dr. Wagner Jeferson Miranda Jr., demitido ontem pelo Hospital Santa Rita, de Alta Floresta, destacou suas reais intenções em escancara os fatos que estão ocorrendo dentro do hospital em relação a situação, segundo ele, precária e irregular com que são atendidos os pacientes das UTIs, tanto as públicas quanto as privadas.
O médico fez menção a uma série de irregularidades, inclusive citando o nome de outros profissionais que estão no comando da equipe médica, como diretor técnico das UTIs, que é o Dr. Wilmer Resende Costa, que é o responsável pelo setor intensivista das UTIs instaladas no hospital.
Na visão do ex-funcionário do Hospital Santa Rita os principais pontos que depõem contra o são a falta de equipes médicas correspondente ao número de UTIs ali alocadas e o suposto descaso com relação a demora na aplicação dos medicamentos de tratamento dos pacientes intensivistas e compra tardia de medicamentos que deveriam estar disponíveis aos pacientes, pois segundo ele o dinheiro para aquisição dos insumos e medicamentos já estão na conta do hospital, mas, a administração só deixa para fazer os pedidos na “última hora”.
Na entrevista o médico relata que fez entrega de áudios de membros da equipe de enfermagem que denunciam outras graves situações ocorridas dentro do hospital fora do seu plantão, e que os mesmo se encontram em estado de extrema instabilidade emocional, diante da frieza com o hospital trata as questões apresentadas pelos demais profissionais de saúde responsáveis diretos pelos pacientes, como emergenciais.
O médico também relatou que os profissionais médicos não são atendidos em seus requerimentos, que segundo ele, deveriam ser protocolados, mas, são “amassados e jogados fora”, no caso dele, os requerimentos por ventiladores foram fotografados para comprovar que houve o pedido, porém, não foi atendido.
Ele também afirmou que as medicação são “reguladas” pela farmácia interna do hospital, como por exemplo Fentanil, (que é indicado no tratamento da dor crônica e da dor de difícil manejo que necessite de analgesia com opioides, que não pode ser tratada com combinações de paracetamol-opioides, analgésicos não esteroides ou com opioides de curta duração), nas palavras do médico: “são medicações que eles deixam pra última hora, por exemplo, pedi na Sexta-feira, eu mesmo fui fazer a medicação no paciente, na questão do medicamento a farmácia só falou assim, “não, nós não podemos liberar mais do que 4 ampolas”… Uai, 4 ampolas pra quem precisa de 8 ou 6?”
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O médico confirmou seu parentesco com o proprietário do Hospital, Dr. Marcelo Miranda, de quem é sobrinho em primeiro grau, aonde diz que é muito agradecido pelo fato de sua faculdade ter sido bancada pelo tio, mas, que apesar disso, e das acusações de ingratidão que algumas pessoas e membros da família estão fazendo, estava fazendo as denúncias por valores éticos que a profissão lhe impõe, sendo que a sua consciência já não aguentava mais ver “as coisas erradas, que eu vi e cansei… cansei de brigar, cansei de surtar, igual algumas pessoas falaram..”.
O Dr. Wagner Miranda, afirma na entrevista que sua intenção não de fechar o hospital, mas, de “abrir o olho desses profissionais, pra que sejam mais humanos… as pessoas não podem ser “passadas pra trás” no meio de uma Pandemia, onde todo mundo tem que se ajudar”.
“Hoje, ele não é o hospital do meu tio, hoje ele é o hospital do SUS, hoje ele é um hospital que ele tem que funcionar pra todos igual, pro rico ou pro pobre, pro branco ou pro negro é assim que tem que funcionar as coisas na vida…”
O médico relata que teve seu sogro e sogra, moradores de Carlinda, internados no hospital ao custo de 4 mil reais a diária, por leito, perfazendo o valor de 8 mil ao dia pelos dois pacientes, sendo que os mesmo foram internados as 16:00hs, mas, só foram receber medicações a partir das 23:00hs.
“É meio estranho o paciente com febre às 4 da tarde e receber a medicação às 11 da noite…”
Na sua denúncia o médica relata que o maior problema é o número de profissionais que são poucos perante tantos pacientes, o que acarreta em um mal funcionamento das UTIs e consequentemente em mal atendimento aos pacientes, que precisam aguardar mais tempo que o tolerável para serem devidamente acompanhados, e que, segundo ele, em alguns casos teve pacientes que ficaram até 3 dias sem uma visita médica.
“Por que você vai abrir 60 leitos de UTIs, 40 leitos de UTIs, 10 leitos de UTIs, 1 leito de UTI se você não tem a equipe necessária?”
Com relação aos equipamentos adquiridos pelo hospital, o médico diz na entrevista e fez questão de frisar que os ventiladores e monitores não são de qualidade, e que o hospital deveria investir em equipamentos de melhor qualidade, pois os que lá estão não tem funcionamento correto.
“A minha intenção não derrubar esse hospital, a minha intenção é abrir o olho do Ministério Público, abrir o olho da população… eu não aguentei cara, eu não aguentei de ver as coisas, de pedir, reclamar e eu ter que “surtar”, igual eles falam que eu surto beleza,… mas eu durmo com o meu coração em paz, bem tranquilo, por que eu sei que eu to fazendo as coisas corretas”.
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O médico classificou os demais profissionais médicos que estão trabalhando no hospital como verdadeiros heróis, em especial a equipe de fisioterapia, e que estão ali em estado de visível desespero, pois também presenciam as irregularidades e sempre acabam dando um jeito de superar os problemas.
“Eu já vi fisioterapeutas esses dias quase surtando, chorando, pedindo pra ir embora por que os ventiladores da UTI não estavam funcionando direito… eu vi ficar sem ar comprimido por um tempo, todos ventiladores ficarem que nem uma “loucura”… eu vi, eu presenciei gotas de chuva caindo em cima do paciente, caindo numa extensão, dando curto e parando a ventilação do paciente em si…”
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