Acabou o sofrimento. Após 40 anos em jaulas de circos e em zoológicos, a elefanta Rana finalmente pode caminhar livremente, se banhar e conviver com as novas amigas, Maia e Guida, que também foram adotadas. (foto acima)Rana experimenta o prazer da liberdade no SEB, Santuário de Elefantes do Brasil, no Mato Grosso. Uma imagem dela brincando na chuva deste fim de semana, marca o fim de um cliclo de exploração. (asssita abaixo)De origem asiática, estima-se que ela tenha entre 50 e 60 anos. Nessas décadas, Rana foi explorada nos Estados Unidos, na campanha eleitoral Richard Nixon, em 1952, No Brasil desde 1967, ela chegou com o circo Gran Bartolo, em Recife e foi explorada também no Moscow, Garcia, Tihany, Estoril e Beto Carrero.
A carreira circense terminou quando o uso de animais em circos começou a ser proibido por leis estaduais – 11 estados já aprovaram leis a respeito, mas o projeto de lei que removeria animais de circo de todo o Brasil ainda não foi votado. Aí Rana foi doada para um zoológico em São Paulo, onde também teria sofrido maus tratos. É possível que ela tenha sido transferida em 2006 para a fazenda Boa Luz, em Aracaju, um lugar cujo antigo dono vendeu depois de sofrer um processo por maus tratos de animais. Rana vivia em uma área de 1 mil m², isolada por um fio de arame eletrificado e nenhuma árvore para se encostar. Seu abrigo era a sombra de um telhadinho redondo. Os novos donos, que compraram a fazenda em 2015, decidiram desativar o mini-zoo e a elefanta precisou ser transferida. Última viagemNa véspera do Natal de 2018 Rana começou a ser transportada de Aracajú para o Mato Grosso. Foram 2,7 mil km do hotel fazenda Boa Luz até o Santuário de Elefantes Brasil (SEB). Ela foi transportada de caminhão, dentro de um contêiner, com cuidados de Scott Blais, diretor-presidente da SEB. Ele é um norte-americano especialista em elefantes que trabalhou em um santuário parecido em Tennessee, nos EUA. No caminho. Scott dava estímulos positivos como maçãs, cenouras, beterrabas, melões e, principalmente, melancias para Rana. Ele também lhe dava florais e óleos essenciais, algo que com poucas gotas pode fazer diferença para um animal sensível como um elefante, diz ele. A chegadaApós 78 horas de viagem, exausta, Rana chegou à casa nova, o Santuário, que fica na zona rural de Rio da Casca (MT), a 110 km da capital Cuiabá. Ela saiu do conteiner, cheirou tudo, afundou as patas em um monte de terra preparado para ela, jogou terra no corpo, barriu, e fez questão de expulsar o galo George, curioso para conhecê-la. Na manhã do dia seguinte foi o momento de conhecer as duas elefantas, Maia e Guida, que já moram no santuário há um ano. No primeiro contato, Guida foi imensamente receptiva, enquanto Maia fez alguns gestos com a tromba, como alguém que quer demonstrar sua autoridade à novata. Após algumas horas, as três gigantes foram liberadas para andar pela área de 1100 hectares do SEB. Rana não se intimidou. Maia e Guida seguiram para o lago e ela foi atrás, surpreendendo a todos. Agora a elefanta vive em um lugar parecido à paisagem da qual ela nunca deveria ter saído. O SantuárioO Santuário de Elefantes Brasil é a primeira experiência na América Latina. Ele foi idealizado em 2013 pela brasileira Junia Machado após uma visita ao zoo de São Paulo quando viu a situação da elefanta que vivia lá. Atualmente, cerca de 10 elefantes, de vários países, estão nesta mesma situação, aguardando uma chance para serem recebidos pelo local. Veja a alegria de Rana durante a chuva deste fim de semana no Santuário: Com informações do National Geographic |
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